⭐ EDIÇÃO ESPECIAL – MIND THE GAP (PARTE 1 DE 3)
- Luiz Viana

- há 2 dias
- 4 min de leitura

Repensando o Valor e a Realidade da Auditoria Independente
Este é o primeiro artigo da Série Especial MIND THE GAP, composta por 3 partes, inspirada no projeto publicado pelo IBRACON sobre os principais gaps de expectativas envolvendo a Auditoria Independente.
A série completa pode ser consultada no site oficial do IBRACON:👉 https://www.ibracon.com.br/mind-the-gap-a-serie-do-ibracon-que-aborda-o-papel-da-auditoria-independente-e-os-gaps-de-expectativa-existentes-envolvendo-a-sua-atuacao/
Cada parte dessa trilogia abordará um conjunto de artigos que analisam, sob diferentes perspectivas, a diferença entre:
o que a sociedade pensa que a auditoria faz,
e o que a auditoria realmente entrega, conforme normas, ética e responsabilidade profissional.
🔹 PARTE 1 (este artigo) – Artigos 1, 2, 3 e 4
Artigo 1 – Introdução ao Gap de Expectativas
Artigo 2 – Gap de Conhecimento
Artigo 3 – Gap de Desempenho
Artigo 4 – Gap de Evolução
🔹 PARTE 2 – Artigos 5, 6 e 7 (próximo artigo)
Abordará:
gap de responsabilidade
gap de complexidade
gap de comunicação
🔹 PARTE 3 – Artigos 8, 9 e 10 (artigo final)
Tratará de:
Continuidade Operacional
Auditoria dos próprios auditores
ESG e o novo escopo da asseguração
🎥 VÍDEO – MIND THE GAP – PARTE 1
👉 Assistir no YouTube: https://youtu.be/zD9k7NFy2IE
🧩 Introdução
A expressão “Mind the Gap”, símbolo clássico das plataformas do metrô de Londres, alerta sobre o vazio entre o trem e a plataforma.Na Auditoria Independente, enfrentamos um “gap” ainda mais crítico: o gap de expectativas.
É a diferença entre:
o que o público acredita que fazemos,
e o que realmente somos responsáveis por entregar, conforme normas técnicas, legislação e padrões internacionais de auditoria.
Essa lacuna — se não for compreendida, comunicada e reduzida — compromete a confiança na profissão e ameaça sua relevância.
A seguir, aprofundamos os quatro primeiros artigos da série do IBRACON, constituindo a
Parte 1 dessa reflexão essencial.
1️⃣ A Anatomia do Gap de Expectativas
(Artigo 1 do IBRACON)👉 PDF oficial: https://www.ibracon.com.br/wp-content/uploads/2023/12/MTG-1-Artigo.pdf
O IAASB define o “expectation gap” como:
“A diferença entre o que os usuários esperam da auditoria e o que a auditoria realmente é e faz.”
O IBRACON utiliza a estrutura da ACCA e identifica 3 dimensões complementares:
• Gap de Conhecimento
Falta de entendimento da sociedade sobre o escopo real da auditoria.
• Gap de Desempenho
Diferença entre o que as normas exigem e o que é realizado na prática.
• Gap de Evolução
Distância entre o que a sociedade passa a demandar e a velocidade de adaptação da profissão.
Esses três gaps se retroalimentam: quando o público não entende o trabalho do auditor, cria expectativas irreais; quando há falhas pontuais de execução, ampliam-se dúvidas; e quando novas demandas surgem (IA, ESG, dados), a auditoria precisa evoluir rapidamente. Por isso, compreender a anatomia desses gaps é essencial para proteger a confiança pública.
2️⃣ O Gap de Conhecimento
(Artigo 2 do IBRACON)👉 PDF oficial:https://www.ibracon.com.br/wp-content/uploads/2023/12/MTG-2-Voce-sabe-o-que-e-o-gap-de-conhecimento-do-papel-da-Auditoria-Independente.pdf
A sociedade, investidores e até julgadores frequentemente acreditam que:
auditores detectam toda fraude,
garantem a continuidade operacional,
validam a gestão,
asseguram todos os controles internos.
Mas o auditor não previne fraude e não garante a sobrevivência da empresa.O auditor avalia se as demonstrações estão livres de distorções relevantes.
Essa incompreensão gera frustrações públicas e decisões judiciais baseadas em percepções equivocadas. O auditor deve educar continuamente o mercado, explicando responsabilidades e limites do trabalho — uma das formas mais importantes de reduzir o gap de expectativas e fortalecer a governança.
3️⃣ O Gap de Desempenho
(Artigo 3 do IBRACON)👉 PDF oficial:https://www.ibracon.com.br/wp-content/uploads/2023/12/MTG-3-Voce-sabe-o-que-e-o-gap-de-desempenho-nos-trabalhos-da-Auditoria-Independente.pdf
O gap de desempenho surge quando a auditoria realizada não cumpre plenamente os padrões técnicos exigidos pelas normas e órgãos reguladores.
A profissão, porém, possui mecanismos robustos de qualidade:
Revisões por pares e inspeções regulatórias;
Sistemas de qualidade (NBC PA 01);
Supervisão internacional (IFIAR);
Educação continuada obrigatória;
Exames de qualificação técnica.
As inspeções globais mostram forte evolução: o IFIAR registrou queda de findings de 47% (2014) para 26% (2022). Ainda há desafios, mas a trajetória é positiva. Reduzir esse gap exige compromisso com ceticismo, documentação robusta e auditoria baseada em risco — pilares que sustentam a reputação da profissão.
4️⃣ O Gap de Evolução
(Artigo 4 do IBRACON)👉 PDF oficial:https://www.ibracon.com.br/wp-content/uploads/2023/12/MTG-4-Voce-sabe-o-que-e-o-gap-de-evolucao-na-Auditoria-Independente-.pdf
De todos os gaps, este é o mais estratégico para o futuro da profissão.
A auditoria precisa acompanhar transformações como:
uso intensivo de IA, machine learning e automação,
impactos de cryptoassets, blockchain e dados massivos,
demanda crescente por asseguração ESG,
riscos emergentes em cibersegurança e modelos preditivos.
Dominar tecnologia é fundamental, mas não substitui o julgamento profissional. O auditor deve aprender continuamente, integrar novas metodologias e responder à sociedade com velocidade e profundidade. A profissão que não evolui perde relevância — a que se reinventa expande seu impacto.
⭐ Conclusão – De “Mind the Gap” para “Bridge the Gap”
Os gaps de conhecimento, desempenho e evolução não são apenas desafios — são oportunidades estratégicas.
Construir a ponte significa:
educar sobre o verdadeiro papel do auditor,
entregar excelência técnica,
evoluir continuamente para atender às novas demandas sociais.
A confiança pública é um ativo frágil e poderoso.A Auditoria Independente existe para protegê-la.
A Parte 2 da série explorará os Artigos 5, 6 e 7, aprofundando outros tipos de gaps que limitam a compreensão e o impacto da profissão.




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